A RAÇA

Atualmente, o Gir Leiteiro passa por um período de acelerado desenvolvimento. A pecuária leiteira de países tropicais necessita de opções que permitam uma exploração mais eficiente dentro de suas realidades econômica e ambiental.
O Gir Leiteiro preenche, plenamente, esta lacuna. O interesse por animais ou sêmen da raça vem em crescente expansão, não só no Brasil, como em todo o mundo. Uma prova disto foi à marca de 805.152 doses de sêmen vendidas no ano de 2008. Por outro lado, o Gir Leiteiro mostra-se como a raça preferencialmente utilizada em cruzamento com gado leiteiro europeu, contribuindo com leite, rusticidade, vigor e docilidade, características fundamentais para a produção econômica de leite.

Todos os anos são divulgados resultados de avaliações genéticas pelo Teste de Progênie, realizado pela parceria EMBRAPA/ABCGIL e apoio da ABCZ. Assim, são oferecidas novas opções ao mercado, em termos de reprodutores comprovadamente melhoradores para leite. Até o ano de 2009 já foram testados 186 touros, sendo a primeira raça leiteira brasileira e zebu do mundo com Touros Provados pela Progênie, avaliando a produção de leite, gordura, proteína, sólidos, células somáticas e as características de conformação e manejo para o cálculo da Capacidade Prevista de Transmissão (PTA). Existem mais 130 touros em processo de avaliação, com resultados a serem liberados a partir de 2010 a 2015.

Na análise de outros índices zootécnicos, a idade ao primeiro parto está em torno de 40 meses; apesar de mais tardia que as raças européias, fica evidente que neste item existe um reflexo direto do manejo após desmame das fêmeas. Isso pode ser comprovado pelo fato de que, em algumas propriedades com alimentação melhorada (pastejo rotacionado), este índice cai para 31 meses. Além disso, não é demais lembrar que a vida útil de uma vaca Gir Leiteiro é significativamente superior à de vacas européias, sendo comum animais com dez crias em atividade produtiva.

Outro aspecto interessante é a possibilidade da utilização de produtos machos para recria e engorda, possibilitando um ganho adicional para o produtor de leite. Na II Prova de Ganho de Peso realizada pela EPAMIG (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais), parceria FINEP/EPAMIG/EMBRAPA/ABCGIL, oficializada pela ABCZ, machos Gir Leiteiro atingiram um ganho médio de 1,03 kg/dia, o que confirma a viabilidade econômica da recria.

Capacidade produtiva, associada à rusticidade, destacam o Gir Leiteiro como alternativa inteligente para o produtor de leite. O mercado exige qualidade a preços baixos. Por ser mais rústico, o Gir Leiteiro apresenta menores infestações de ecto e endoparasitas e menores incidências de doenças do que raças de clima temperado. Isto acaba determinando um menor uso de carrapaticidas, vermífugos e antibióticos, proporcionando um produto final (o leite), livre de resíduos; portanto mais saudável.

Aparência Geral:

1- Racial: A cabeça deve apresentar perfil ultra-convexo, ser média, fina e seca, com a fronte larga e marrafa jogada pra trás, não podendo apresentar nimbure; chanfro reto, estreito e delicado; focinho preto e largo, úmido, com narinas dilatadas; lábios grossos e firmes, boca grande e olhos de formato elíptico, brilhantes e de pigmentação escura, protegidos por rugas da pálpebras superiores e cílios pretos. As orelhas de comprimento médio devem ser pendentes, começando em forma de tubo enrolada sobre si mesma, abrindo em seguida para fora, curvando para dentro na ponta e voltada para a face (“gavião”). Os chifres devem ser escuros, simétricos, grossos na base, saindo para baixo e para trás, de seção elíptica se dirigindo para cima e curvando para dentro, de preferência.

2– Pele e Pigmentação: Os pêlos devem ser finos, curtos e sedosos, vermelho e amarelo e suas variações, à exceção de totalmente brancos e pretos. A pele deve ser preta ou escura, o que lhe proporciona tolerância a incidência solar, devendo ser ainda solta, fina e flexível, macia e oleosa, sendo que no úbere e região inguinal deve apresentar cor rósea.

3 – Feminilidade: A vaca Gir Leiteiro deve apresentar ossatura forte e limpa. Quanto a angulosidade o animal deve ter formato triangular, visto de lado, de frente e por cima, com grande capacidade respiratória, cardíaca e digestiva, com garupa ampla.O Pescoço deve ser médio, leve, oblíquo, alto e bem inserido à cabeça e harmoniosamente implantado ao tronco, com musculatura pouco evidente, descarnado, no entanto, no bordo superior, a musculatura apresenta-se mais desenvolvida.A barbela deve ser média, enrugada, solta e flexível, começando bífida debaixo da ganacha.

4 - Dorso-Lombo: Deve apresentar a região dorso-lombo longilínea, tendendo a retilínea, ampla e forte. A linha dorso-lombar deve ser proporcional ao conjunto do animal, equilibrada quanto à horizontalidade e largura, comprida no dorso (correspondente às vértebras torácicas e sustentação do costado, abrigando pulmões e coração), larga no lombo (correspondente às vértebras lombares, abrigando o aparelho digestivo e útero gestante), seguindo com a bacia comprida e ancas largas e aparentes.

5 – Garupa: A garupa vem reunir vários aspectos: largura, comprimento e nivelamento, que irão refletir numa melhor ou pior conformação de pernas, pés e do úbere, bem como à facilidade de parto. Os íleos e ísqueos devem ser largos e espaçados, guardando as devidas proporções. Deve possuir um bom nivelamento de garupa, com inclinação entre íleos e ísquios (ângulo da garupa) de 200 a 300. O osso sacro não deve ser saliente.

Sistema Mamário:

Prateada da Cal.
1 – Úbere: Deve ser amplo, comprido, largo e profundo, apresentando grande capacidade de armazenagem de leite, volume compatível com a idade e estádio da lactação, fazendo pregas quando vazio. A consistência deve ser macia e elástica (glanduloso) e não fibroso (carnudo). Seu piso deve ser nivelado e não ultrapassar a linha do jarrete. Deve apresentar ainda proporcionalidade entre a parte anterior e posterior. Os quartos anteriores devem se apresentar avançados para frente e aderidos ao ventre e os quartos posteriores bem projetados para trás e para cima.

2 – Ligamento Central: Possue grande importância em vacas produtoras de leite. Deve ser forte e bem evidente, pois irá garantir a sustentação e integridade do úbere que deve estar bem aderido à região inguinal. Quando visto por trás, evidencia-se o sulco do ligamento suspensor central. Está diretamente ligado a longevidade do úbere e permanência do animal no rebanho.

3 – Quarto Posterior: Responsável por 60% da produção de leite. Deve ser amplo e volumo, com ligamentos fortes e bem aderidos na região iguinal.

4 – Quarto Anterior: Deve ser amplo e volumoso, com inserção suave no abdômen, possuindo ligamentos fortes e bem aderidos.

5 – Tetas: Devem se apresentar íntegras e simétricas, ter comprimento de 5 a 7 cm, diâmetro de ± 3,3 cm, espassadas entre si, centradas no quarto, verticais e paralelas, perpendiculares ao solo.

6 – Vascularização: Deve ser bem conformada e com bastante drenagem através de diversas veias aparentes, tortuosas, de preferência ramificadas e penetrando por dois ou mais orifícios, além de possuir, no abdome, veia mamária de grosso calibre.

Sistema Locomotor:

Membros Anteriores: Os membros anteriores devem ser de tamanho médio com ossatura forte; espáduas compridas e oblíquas, inserindo harmoniosamente ao tórax, o braço e antebraço com musculatura pouco evidente, com joelhos e mãos bem posicionados. O ângulo dos pés deve ser de aproximadamente 45o.

Membros Posteriores: As pernas devem ser limpas,mas com boa cobertura muscular, não devendo apresentar culote pronunciado, com tendões e ligamentos evidentes. Vistos por trás, os membros posteriores devem ser bem afastados um do outropara dar lugar a um úbere volumoso. Deve possuir aprumos íntegros, com articulações fortes, angulação correta e jarretes bem posicionados. O ângulo das quartelas nos cascos deve ser de aproximadamente 45o.


TIPO IDEAL (MODELO)


Na figura baixo temos o modelo do que seria a “Vaca Ideal” da raça Gir Leiteiro, onde as principais características produtivas e funcionais foram expressas: